Training to evolve
Acordei aquela manhã já pensando em treinar minhas habilidades com a espada, eu precisava treinar muito para não acabar machucando quem não queria. Peguei minha espada e o meu escudo em cima da cabeceira, não tinha nenhum risco de roubarem eles de mim senão teria um cadáver ali ao meu lado, e fui até a arena para começar meu treino. A porta da arena se abriu com um estrondo, não tinha ninguém ali por algum milagre, mas era melhor assim sem ninguém para atrapalhar. Segurei firme na espada, dando um sorriso torto enquanto avistava o local.
- Que comece o treino. - avistei um boneco a minha frente e outro a direita avaliando cada centímetro deles com os olhos, uma brisa entrou pela porta entreaberta me fazendo perder um pouco o foco, claro que não era uma brisa comum, nada no acampamento meio sangue era comum, mas respondi sem me virar. - O que foi instrutor? - perguntei erguendo a sobrancelha esquerda, tentando entender o que houve. - Nada minha princesa, volte sua atenção ao treino. Fiz como ele falou tentando reavaliar cada objeto e cada boneco centímetro por centímetro para que tivesse certeza de que minha estratégia daria certo. Já devia ter passado pelo menos 2 minutos comigo apenas avaliando e numa luta isso significava morte, mas era apenas um treino e eu queria ser impecável. Virando em direção ao boneco mais perto parti em disparada correndo a toda velocidade. Com os braços colados ao lado do corpo para ganhar mais velocidade, eu deslizei por trás do primeiro boneco enquanto abria os braços passando levemente a espada pelas costas do boneco, então fazendo o caminho reverso com o mesmo braço enfiei a arma no peito dele. Não esperei para ver o estrago correndo até o outro boneco novamente com os braços colados ao corpo. Ao chegar perto o bastante do boneco ele meio que andou para trás, mas eu já tinha percebido isso nos meus dois minutos de avaliação da arena e foi preciso apenas por a espada atrás do boneco fazendo com que ele cometesse suicídio, bonecos imbecis. Olhei para trás e o instrutor ainda olhava para mim calmamente.
- Bom, bom, mas da próxima vez tenta usar menos a espada e mais o seu corpo. Também seja mais rápida avaliando o terreno senão você morre antes de mexer um dedo. - se eu tenho uma arma tenho que usar essa arma. - O que de fato era a realidade, não sei ainda porque ele permanecia com aquela cara de quem desaprovava a minha atitude, porém eu respeitava as opiniões do mesmo. - Não nesse caso, essa arma serve para te dar mais velocidade e poder cortante, não para você só usar ela. Girei a espada contra o flanco direito do boneco, tok, se fez ouvir. Levantei o escudo e me inclinei para trás ligeiramente visando proteger meu dorso contra um ataque imaginário. Boom! Imaginei um golpe de maça impactando contra meu escudo. Imaginação era o que não me faltava, ler vários livros e interpretar os movimentos e imaginá-los me recompensou com um "treino" de imaginação ao longo dos anos.
A aquela altura o boneco de palha já tinha sumido de minha mente, à minha frente estava agora um soldado de meu tamanho com um conjunto de cota de malha de aço de baixa resistência, escudo e espada. Analisei a postura dele, pernas separadas uma das outras onde a dominante tomava a frente, joelhos um pouco flexionados e firmes. Escudo em riste ao dorso assim como espada. Tentei imitar sua posição, não era fácil por mais fácil que parecia... Óh ironia... Corri em sua direção girando o corpo em 360 º e executando um corte em seu escudo, como uma maneira de intimidá-lo e impedir a defesa do próximo ataque. Rápido como um soldado experiente, ele bloqueou com o escudo e já realizava uma estocada contra o flanco direito. Tentei aparar sua espada com a minha usando a parte não cortante, porém em vão, fui golpeado nas costelas direita em cheio pelo soldado imaginário, por sorte imaginário. Voltei a posição. Avancei empurrando o soldado com meu escudo para desequilibrá-lo, seguido de um de cima para baixo contra seu ombro direito, aquele com qual ele segurava sua espada, agora no chão. Não queria perder tempo, avancei como um cachorro que avança em um pedaço suculento de bife, o imaginário apenas defendia meus golpes de gládio com seu escudo com uma habilidade muito acima da minha, até que, no último corte, ele me bloqueia com seu escudo e, logo após, me chuta na perna. Simulei uma caída - porque esses ataques físicos não eram reais -.
Sem pausa, ele avançou me direcionando um chute a face e me jogando de lado, minha simulação foi um tanto exagerada. Um chute do soldado me jogou a um metro longe. Ele agora recuava em direção a sua espada, não podia permitir. Me rastejei e levantei-me pulando contra ele e usando um tesoura para prender suas pernas e derrubá-lo como uma boleadeira que consegue atingir os pés do oponente. Imaginei ele caindo. O soldado chutou meu escudo diversas vezes enquanto lutava para se soltar de minhas pernas, que mais pareciam trepadeiras envolvendo ruínas de uma construção.
O homem chutou-me a cara se libertando da prisão de minha pernas e agarrando sua espada imaginária, sem perder tempo avançou, desceu a lâmina vorazmente contra meu escudo que o rachou com o golpe. Recuei para o lado e cortei seu flanco esquerdo, onde o escudo não cobria com eficácia. Ele gemeu desestabilizado. Avancei novamente erguendo a lâmina contra seu peito, pronto para empalá-lo ou assim pensei. O soldado imaginário girou em seu eixo aparando com seu escudo e ele me empalou no coração. Fingi uma respiração cortada e precária enquanto girava tentando retirar aquele aço sádico ao qual na minha imaginação fértil me matará. Me retirei da Arena para dar uma pausa em meu treinamento.