“Os filhos herdam as loucuras dos pais.”
— Gabriel García Márquez, Cem anos de solidão.
Hylla descobrira com certo amargor que o silêncio era um algoz na mesma proporção que também servia como aliado.
Naquele momento, com os antebraços apoiados no parapeito da varanda, ela tentava decidir em qual daqueles dois espectros a quietude se encaixava. Não permitia-se o silêncio absoluto, pois sabia que nele encontrava pensamentos funestos e conflituosos que impediam-na de dormir quando a noite caía. Tampouco preferia a cacofonia, uma vez que não conseguia raciocinar com a desordem sonora. Daquele modo, imaginava-se flutuando entre ambos os extremos — o barulho e a calmaria — como um fantasma desvirtuado.
Mesmo tendo passado algum tempo longe de Nova York, nenhuma mudança significativa na cidade podia ser vista. Isso a deixava levemente conformada, como se a falta de alterações fosse uma validação de que ela, Hylla, permanecia no mesmo ritmo do restante do mundo. Exceto pelo fato, é claro, que diferente da cidade, ela havia mudado.
Estaria a dinamarquesa pronta para encarar aquela sua nova face?
Permaneceria em pensamentos desconexos a tarde inteira se um suave tremeluzir no ar ao seu lado não houvesse chamado sua atenção; os olhos glaucos dela foram tragados ao centro de uma névoa rodopiante que, como uma janela na realidade, mostrou-lhe um outro alguém tal qual um holograma.
Zoey.O chamamento da líder de sua Ordem acendeu uma chama no interior de Hyl — uma espécie de fogo que induziu a morena a, ao terminar da mensagem, procurar um casaco no apartamento pequeno. Assim que o encontrou, vestiu-o imediatamente e catou alguns dracmas da bolsa de couro que costumeiramente trazia consigo. Pegou uma pequena quantia, a qual já era mais do que suficiente. Quando saiu do edifício atarracado no subúrbio, bastou lançar a moeda dourada e antiga no chão e recitar um cântico funesto para que a Carruagem da Danação surgisse mediante seus olhos:
— New York Presbyterian Hospital.
[...]
A frieza alva do hospital não incomodava Hyl. Na verdade, havia algo confortável nas entranhas álgidas de construções como aquela que a filha de Melinoe apreciava; talvez fosse a atmosfera em si, ou a sensação constante de libertação — não saberia dizer.
Sua única afirmativa era que os Feiticeiros se reuniriam ali naquela noite sob a égide de Montgomery. Após as instruções da loira, um respiro profundo abandonou os lábios da jovem e ela limitou-se a, em silêncio, vagar pelos corredores como um fantasma. Viva por mais de quinhentos anos naquela forma mundana, Werstonem contava com um par de olhos que haviam visto inúmeras coisas. Mesmo assim, situações relacionadas à proteção de terceiros ou cuidados para com eles deixavam-na indiscutivelmente…
carregada.
Ela não soube exatamente em que momento parou de andar, mas ali estava: as costas apoiadas na pintura branca da parede, como se seu corpo buscasse um descanso. Não sentia nenhum sintoma de cansaço, contudo, mas o coração estava acelerado como se houvesse corrido uma maratona. Inspirou profundamente.
— Você está bem? — Alguém perguntou, assustando-a. — Desculpe, eu não quis...
— Não tem problema. — Respondeu, interrompendo-o. A nova silhueta era menor que ela, ainda que com certeza mais altiva que a própria semideusa. Tinha olhos azulados como os seus, porém em um tom esmaecido e desprovido da sedução mágica das íris de Hyl. Tinha também uma camisola branca do hospital em questão, e trazia consigo uma haste metálica com um soro preso a ela. — Você tem
permissão para andar por aqui sozinho?
— Não oficialmente — um sorriso iluminou a face dele. — Mas ninguém me proibiu, então…
— Oh, entendo.
Hylla aproximou-se apenas um pouco, de modo que pôde ler o que estava escrito no cartão de identificação colado à camisola do garoto:
Hunter.
— Por que está aqui? — Ele indagou, a sobrancelha erguida. — Não lembro de você ser funcionária do hospital.
— Você é esperto, não é? — Um sorriso teimou em aparecer nos lábios bonitos da bruxa. Suspirou, abaixando-se na frente do garoto. — Eu estarei aqui só por essa noite —
“Eu espero, pelo menos” — É um serviço especial.
— Tipo um serviço de entregas?
— Não. — Hylla sorriu. Pousou a mão sobre o ombro do garoto e o afagou; Hunter tinha a cabeça lisa, como se seu cabelo houvesse caído. O catéter intravenoso permanecia injetando soro em sua corrente sanguínea. Mesmo ela, viva há mais de séculos, não era tão guerreira quanto o jovem paciente. — Está tarde, é melhor voltar ao seu quarto.
— Certo — notou um resquício de desapontamento. Não podia julgá-lo; a morena sabia o quão angustiante era ter sua vida resumida a quatro paredes. Ela prontamente se disponibilizou a ir com ele, estendendo a mão para que a criança segurasse. Entrelaçaram os dedos, ela agindo como uma irmã mais velha, guiando-o pelo caminho branco até a ala dos quartos. — É aquele.
Entraram e assim como ela suspeitava, nada havia além de uma cama próxima à janela. Foi Hyl quem acomodou Hunt na cama, fazendo questão de comprimir os travesseiros para torná-los mais aconchegantes. Quando ele se deitou, ela sentou-se na poltrona ao lado dele.
— Seus pais não vêm visitar você? — Murmurou, curiosa. Notou uma sombra de tristeza cruzar os olhos do garoto.
— O meu pai vem todos os dias, mas ele é um homem ocupado — justificou, protelando palavras cuja procedência ela sabia não ser verdadeira. Sabia que ele estava magoado. Os olhos claros do menino retornaram à Hyl: — Ele não passa muito tempo, de qualquer forma.
— E a sua mãe?
— Ela 'tá no céu. —
“Oh”. Um silêncio estranho pairou entre ambos.
— Eu também não tenho mãe — ela confidenciou. — Mas já me acostumei.
— É — falou, sem muita convicção daquilo. — Você pode brincar um pouco comigo antes de ir? Não precisa ser por muito tempo.
— Claro.
[...]Quando abandonou o recinto, Hylla constatou que Hunter dormia.
A semideusa parou por alguns segundos, respirando profundamente o ar pacífico do corredor vazio. Luzes intercaladas em espaços iguais no teto tornavam tudo claro e ofuscante, exceto por alguns pontos de escuridão quase inexistentes. Pelo canto do olho, captou um movimento ondulante que a fez olhar naquela direção: nada além de uma aura, um tremeluzir azulado que se perdia em suas próprias curvas.
Decidiu segui-la.Viu-se em outro corredor posteriormente, e o espectro permanecia em um movimento contínuo, como se estivesse tão sem rumo quanto a dona dos olhos azuis.
— Um fantasma — disse alguém atrás dela. — Mas creio que
você já saiba disso. Estou certa?
Hylla virou-se, deparando-se com uma garota de jaleco e cabelos presos. No vestuário, uma insígnia de Asclépio.
— Não esperava vê-la aqui, Hylla — salientou. — Mas já que veio, bem vinda.
— Eram pacientes?
— O que?
—
Os fantasmas — repetiu. — Eram pacientes internados aqui?
Lisa deu de ombros, um suspiro escapulindo pelos lábios entreabertos. Por alguns segundos, ambas as semideusas não trocaram nenhuma palavra.
— Imaginei que fossem. — Concluiu. — Mas estão inquietos, mais do que o normal para um lugar como esse.
— É difícil compreender fantasmas, Werstonem. — A irmã a fez lembrar, atrelando à Hyl um estado de consciência além do senso comum. De fato, a sentença de Bocceli estava correta. Enfiou as mãos nos bolsos do casaco: — Gostaria de sentar e conversar, conhecê-la melhor antes que você suma novamente, mas tenho trabalho a fazer. Podemos tomar café juntas quando o plantão acabar, se você quiser.
—
Obrigada, não. — Hylla respondeu. Lisa novamente deu de ombros (e o fazia de uma maneira tão irritante que fez a dinamarquesa mudar o peso de um pé para o outro), saindo em sequência do lugar. Bastou que a curandeira desse as costas para que as íris ávidas da morena retornassem à procura do espectro, não demorando para localizar sua forma nebulosa próximo à dobra de outro corredor.
A semideusa estava familiarizada aos mortos. Na verdade, com tantos anos viva, aprendera que a melhor companhia era advinda dos póstumos. Deixara de temer os espíritos e tudo que eles representavam havia muito tempo, mas sempre restava aquela curiosidade inerente em descobrir quem eram — e o que queriam — quando a morena encontrava novas almas vagantes.
Uma prece escapuliu de seus lábios, ensinada por Circe há muito tempo.
Uma prece de proteção.
—
Revele-se — sussurrou a bruxa, sabendo que seria ouvida pela criatura. O que anteriormente era uma figura abstrata, sem forma concreta, passou a se expandir em um tremeluzir profano até assumir a forma de um garoto. Parecia mais velho que Hunter apenas alguns anos, mas seu aspecto doentio era doloroso de ser visto.
— Consegue me ver?
— Consigo até mesmo senti-lo — ela segredou. — É um dom para poucos.
— Não parece um dom muito agradável — o fantasma falou, incitando um riso indecifrável que iluminou momentaneamente o rosto de Hylla antes de apagar-se tão rapidamente quanto tivera início. — Afinal, qual a graça de se brincar com fantasmas?
A filha de Melinoe riu fracamente.
— Não se brinca com fantasmas. — Ela advertiu. Mesmo para alguém com suas capacidades, Werstonem aprendera com os anos que mesmo os espíritos eram criaturas traiçoeiras: levavam consigo suas loucuras pessoais de seus tempos enquanto vivos.
E desejos frustrados, ela bem sabia, eram a liga perfeita para o combustível do mal.
— Brincar… — murmurou a palavra, perdido, como se ela fosse algo que lhe imprimisse uma memória da qual não conseguia recordar-se por completo.
— Imagino que deva ter perdido a lembrança desse ato — ela falou. — Sinto muito por você.
— Você pode me libertar?
— Oh, querido — a semideusa aproximou-se alguns passos. — Por meio de um feitiço, sim. Mas isso é tão complexo; eu teria que saber em que solo se sustenta esse hospital, encontrar todos que aqui estão presos, executar um ritual que provavelmente me deixaria exaurida por dias… Bom, posso ajudá-lo individualmente. Você sabe o que sente?
— Medo.
— De quê?
— De
quem — o morto corrigiu.
— O seu assassino, presumo. — O silêncio que se seguiu foi uma afirmativa. — Ele ainda está aqui no hospital?
A criatura póstuma assentiu.
— Você pode me levar até onde ele está?
Aquela pergunta foi o suficiente para fazer toda a forma do espectro perder-se momentaneamente. Ainda estava traumatizado, e sua inconstância podia colocar o plano da feiticeira em risco.
— Tudo bem — apressou-se. — Poderia me dizer onde você…? — Deixou pairar entre eles a palavra
“morreu”.
— Frio. Escuro. Lá embaixo. — Esforçou-se para lembrar-se. —
Ala psiquiátrica. Letras vermelhas. Olhos maus. Dentes. E a morte.
— Obrigada.
— Ei, você — chamou quando ela distanciou-se pelo corredor. Parecia mais frio, Hylla fechou o zíper do casaco até o pescoço. Cercada pelo couro preto, sentiu-se um pouco melhor. Não muito, só um pouco. — Qual é o meu nome?
— Você não tem nome. — Bruta, quase ríspida, ainda que sua voz fosse doce. Assim foi a resposta de Hyl. Perdera a compaixão pela maioria dos fantasmas havia séculos, ainda que a situação do garoto lhe fosse desgastante. Melancólica, ela diria. — Você esqueceu seu nome; alguns de vocês, espíritos, acabam esquecendo. E sem suas identidades, tornam-se apenas reflexos do que já foram um dia. O que eu farei a seguir não irá trazer seu nome de volta, tampouco recobrar o ar de seus pulmões…
Foi até o elevador mais próximo e apertou o botão.
— Mas pode lhe trazer um pouco de conforto — as portas se abriram. Entrou. Apertou no botão que levava a outro nível, imaginando seu próximo destino. — E assim talvez eu possa evitar que outra criança termine como
você.
[...]
Os olhos azuis da dinamarquesa passearam no breu por alguns instantes.
Estava em um ponto mais afastado, muito abaixo do que lhe era permitido, mas para alguém com o seu histórico e com sua vida tão conturbada, estar onde era proibido tornara-se quase rotineiro para Hylla. A primeira coisa que notou foi uma placa de letras vermelhas sobre o corredor extenso:
ala psiquiátrica.
A semideusa avançou alguns passos, ouvindo o som deles ecoar pelas paredes verticais e lúridas daquele ambiente. Estava terrivelmente frio.
— Senhorita? — Além do som de suas botas, a voz de outro alguém também ganhou novas proporções. Werstonem detectou alguém: um funcionário trajando o vestuário hospitalar completo caminhava até ela, a sobrancelha erguida sem entender o motivo de a garota estar naquele espaço restrito. — Essa ala é liberada somente ao pessoal autorizado.
— Eu acho que acabei me perdendo, senhor —
“Vamos Hyl, pense em algo”. — Não sei o caminho para voltar. Pode me ajudar?
— Você pode voltar pelo mesmo caminho que veio. — Ele resmungou.
Cerrou os punhos. Hylla podia ser esguia e delicada, mas seu treinamento como semideusa havia lhe ensinado que mesmo um oponente de seu porte físico poderia ser perigoso. Werstonem sempre tinha a vantagem do ataque surpresa, vide que poucos oponentes viam nela uma inimiga em potencial. Por isso, com um golpe rápido, acertou a garganta do funcionário.
Ele engasgou, tossindo copiosamente enquanto procurava por ar.
— Me desculpe. — Murmurou uma última vez antes de ele desfalecer. Apressou-se pelo corredor, vasculhando as salas com portas seladas onde pacientes dormiam sob os efeitos de potentes remédios. Estar em um lugar como aquele, cheio de dor e angústia, fazia com que a garota quisesse se encolher.
Era como se a atmosfera daquele lugar a fizesse… desaparecer.
Conforme andava, a dinamarquesa perdera a noção do tempo. A escuridão da ala mal iluminada dava vida aos pensamentos transversais da necromante; podia jurar ver movimentos anômalos em danças frenéticas mediante ela. Sombras ancestrais, fantasmas que Werstonem mantinha em suas covas por séculos.
— Por que você continua avançando se está sentindo o perigo? — O sussurro chegou até Hyl sem causar nela qualquer arrepio. — É como se estivesse procurando a morte.
—
Hoje não — murmurou, sem olhar para o espírito. Já sabia quem era. — O que está fazendo aqui?
— Se você morrer — Ágatha falou. — Eu quero estar aqui para ver pelo melhor ângulo.
Bastou uma palavra de Hylla para que ela a expulsasse; não definitivamente, é claro. De algum modo, a bruxa gostava da tortura psicológica imposta por Ágatha.
Fazia-se sentir-se como se estivesse pagando por uma fração de seus pecados.
Ainda perdida em suas próprias divagações, pensou ter ouvido algo. Tentou escutar melhor, mas os sons eram nada mais que suspiros — ou sussurros. Logo a menina se viu próxima a uma porta entreaberta, a qual encobria uma sala escura e espaçosa no hospital. Adentrou-a, aquele som que outrora a instigava tornando-se mais forte.
Piscou algumas vezes, discernindo silhuetas de móveis na escuridão. Notou algo abaixado em um dos cantos, abraçando os próprios joelhos junto ao corpo. Seria um fantasma? Pensou que sim, uma vez que projetava lamúrias que a garota não conseguia entender; mas não tinha a energia espectral, o que a deixava apreensiva. Fantasmas, em sua maioria, Hylla conseguia controlar. Já vivos, não.
— O que você está fazendo aqui? — Hyl perguntou, fugindo de qualquer tom acusatório pois ela mesma era uma intrusa naquele lugar. Aproximou-se um pouco mais, estendendo a mão para tocar na pessoa encolhida em um dos cantos quando a face de outrem a observou de volta. Antes que qualquer raciocínio cruzasse a mente de Werstonem, as mãos que outrora abraçavam o próprio corpo do desconhecido voaram contra a garganta suave e esquálida da semideusa.
Dedos férreos fecharam-se ao seu redor, e uma expressão bestial apoderou-se do rosto humano daquele que a contemplava: um homem. Mas seria
realmente um ser humano?
Ela já sabia a resposta.
Tanto o sabia que seu único movimento foi automático; levantara o joelho contra outrem, acertando-o de tal modo a afastá-lo de si. Hyl tossiu momentaneamente, recuperando-se daquele impacto inicial de sufocamento. Não pôde demorar muito, o inimigo voltara a atacar.
Dessa vez, o treinamento combativo da feiticeira estava de volta em sua memória muscular para que ela se defendesse. Girou o corpo como em uma dança esquivando-se quando o homem tentou agarrá-la, evitando-o como um toureiro — no momento seguinte, tinha uma visão privilegiada das costas do oponente.
Foi ali que chutou: mais precisamente em um ponto na base de sua coluna, fazendo-o grunhir e cambalear, segurando-se na parede. A garota avançou, mas o adversário girou e acertou-a no rosto com as costas da mão, fazendo-a afastar-se novamente.
Werstonem desejou possuir uma de suas armas agora; qualquer que fosse. Sem elas, sentia-se nua. Todavia, sabia que naquela situação ter qualquer equipamento estava fora de cogitação. Seria necessário usar tudo aquilo que aprendera no decorrer dos séculos e, é claro, seus dons divinos.
Quando o homem avançou novamente, a menina esquivou-se de seu soco abaixando-se. Ao subir, atingiu-o com o punho cerrado na garganta — como fizera com o outro funcionário anteriormente —, mas dessa vez o inimigo apenas engasgou. Isso deu a ela um fio de tempo para chutá-lo no peito, derrubando-o.
— Está com problemas? — Ágatha sussurrou, ainda invisível, sem revelar sua presença ou sua localização por completo.
— Calada — murmurou, os dentes cerrados. — Ele continua lutando, mas deveria estar incapacitado. Como eu o derroto?
— Por que eu deveria dizer a você? — O espectro perguntou.
— Se não o fizer — Hylla observava com cautela enquanto o êmulo gradativamente se colocava de pé. — Eu vou
banir você. Quer ficar presa no Hades por toda a eternidade? Não? Bom. A escolha é sua.
Abaixou-se, dando uma rasteira no homem assim que ele se estabeleceu de pé, derrubando-o novamente. Chutou a cabeça dele contra o chão, mas até mesmo esse ataque que teria nocauteado um lutador não pareceu surtir um efeito prolongado no oponente.
— Nuca, querida. — Mesmo contrariado, o fantasma vitoriano respondeu.
Antes que ele se levantasse, Hyl empurrou-o com outro chute de tal modo a fazer o corpo desfalecido e grogue rolar, as costas para cima dessa vez. Com um único movimento, a bruxa deixou-se cair sobre ele, o joelho amassando os ossos sensíveis da nuca do oponente em um golpe rápido e fulminante. Ouviu os estalos correspondentes, e o corpo não mais se moveu.
Em um canto, Ágatha a olhava com ódio.
— Obrigada — respondeu a viva, um sorriso a brincar em seus lábios.
[...]
A luz esbranquiçada dos raios solares entrava pelas janelas do New York Presbyterian Hospital. Hylla passou por um halo leitoso, e o calor dos fótons a reconfortou após aquela noite.
— Eu não sei o que era. — Finalizou a dinamarquesa, mantendo a voz baixa para Zoey a fim de não incomodar o paciente do qual a loira cuidava. — Era forte, e mesmo algumas técnicas não foram eficazes contra ele. Tinha a forma humana, assumiu um fenótipo masculino.
Abraçou a si mesma, agradecendo o calor proporcionado pelo casaco.
— Ala psiquiátrica — disse, por fim. — Foi lá que aconteceu. Você se importa se eu sair? Eu não gosto desse lugar.
Despediu-se de Zoey; o plantão estava em seu fim. Enquanto caminhava pelos corredores desprovidos de cor do hospital, Werstonem ansiava por deixar aquela atmosfera para trás. Não tinha um rumo certo ao cruzar as portas, mas não demorou para que a garota de cabelos pretos e frios olhos azulados se misturasse em Nova York.
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- Poderes, Truques e Características:
Fantasmagóricos
Filhos da deusa dos fantasmas além de serem como um grande ímã para os mortos, também podem ver, conversar e até mesmo convencer os fantasmas a ajudar. Vide narrador em Missões ou Eventos narrados.
Herdeiro Ctônico
Por ser uma deusa ctônica, os filhos de Melinoe além de terem passagem liberada para o submundo, também conseguem enxergar no escuro e não sofrem efeitos de penalidade sob atmosfera do Mundo Inferior e os monstros hesitam em atacar. Não vale para o Tártaro.
Resistência
Poderes psíquicos ou espirituais são 10% mais fracos contra os filhos de Melinoe.
+2 Agilidade
+2 Resistência
- Atenção:
Esse post é o primeiro após o reboot da trama da personagem. Mais informações virão com o desenvolvimento de Hylla.