Os tutoriais de iniciação no Acampamento até que haviam sido úteis,Czar havia aprendido onde determinadas dependências ficavam localizadas, onde as pessoas iam treinar e os horários em que teria de rumar até o refeitório e – dessa forma – recuperar suas energias.
O garoto sentou-se em sua cama observando atentamente a espada que havia ganhado no dia anterior, era bonita e reluzente, dando-lhe lembranças da noite e o deixando mais confortável. Czar acendeu um cigarro e deu uma longa tragada levantando-se em seguida e saindo de seu refúgio em direção a arena, onde naquele momento soube que seria o primeiro de muitos outros treinos.
Andou por algum tempo até ouvir o tilintar de metal contra metal e saber que estava seguindo a direção correta. O cheiro de suor e o piso arenoso do lugar fizeram Czar torcer o nariz devido a péssima combinação que deixava o ar não só úmido mas também mal cheiroso. Quando recomeçou a andar, um sátiro – responsável pelos treinos no dia – o interceptou.
–– Perdeu alguma coisa aqui? –– O garoto falou para o menino bode, que apenas revirou os olhos.
–– Venha comigo, tenho um bom boneco para seu treino com espada.
Czar olhou novamente para a corrente em suas mãos, deu de ombros e o seguiu. O boneco estava localizado em um local um pouco mais distante da arena, centralizado a diante de uma longa linha vermelha posta no chão. O garoto bode virou-se para o semideus para falar-lhe as regras da brincadeira.
–– O boneco está protegendo a linha, deves passar para o outro lado desta, no entanto, seu amiguinho ali a está protegendo e fará de tudo para o impedir de conseguir. Para desativar o mecanismo do boneco, você deve derrubá-lo com sua espada ou qualquer outro truque que tenha na manga. Boa sorte, garoto.
Após explicar o que o jovem deveria fazer, o sátiro se retirou deixando-o ali novamente sozinho com sua corrente e seu cigarro quase no fim. Este apagou o que restava e começou a estudar a estrutura do boneco. Ele tinha a cabeça comprida e rodeada por alguns sensores, seus ombros eram largos e robustos e sua base um pouco menor com duas roldanas que girariam em qualquer ângulo para impedi-lo de atravessar. ”Fácil” pensou o garoto, não sabia o quanto estava errado.
Girou a espada em sua mão esquerda e aproximou-se do boneco que moveu-se em sua direção no exato momento. Para ganhar terreno, Czar recuou e lançou sua espada, em seguida, no boneco, fazendo-a acertá-lo nos seus braços. Quando sentiu firmeza, garoto a puxou em direção ao chão lançando seu corpo para obter impulso, um erro. O boneco estava firme como uma rocha e nem chegou a se mover. Já o semideus, por sua vez, caiu no chão ralando o joelho. Nesse momento o tronco do boneco se moveu e então deu três giros de 360º fazendo com que Czar – ainda segurando a espada – também girasse ficando completamente sujo de poeira.
Tossindo e com raiva, o garoto levantou-se ajeitando a esapada em suas mãos – agora levemente machucadas devido a pressão – e afastou-se um pouco do boneco – que se aproximava – estudando-o atentamente. O próximo alvo pensado pelo semideus iria ser a cabeça, se conseguisse prendê-la e dessa forma arrancá-la, o mecanismo estaria no mínimo sem seus sensores para segui-lo e assim conseguiria passar numa boa.
Então o garoto aproximou-se do boneco lançando-lhe a arma por entre os ombros e agarrando sua cabeça com o metal. O mesmo começou a sacolejar como um maldito touro arrastando o jovem semideus pelo piso da arena e arrancando – dessa forma – risos de quem observava. Frustrado, soltou a espada e se levantou, fixando os pensamentos na estrutura do tal.
Foi só então que Czar percebeu que a base do boneco era consideravelmente mais frágil que o resto do corpo e seria exatamente ali onde ele teria de lançar sua espada No entanto, a probabilidade de errar era tão alta quanto a de acertar. Ignorando o pensamento, ele arrumou sua arma e a lançou para o boneco, que, desviou do golpe majestosamente. O garoto praguejou e agora o boneco vinha em sua direção. Em um pensamento rápido, ele soube que teria de desviar a atenção do mesmo.
Lançou sua espada para um lado e seu corpo para outro, fazendo o boneco o seguir e então chutou sua estrutura quando este estava próximo o bastante e o enrolou com os braços e a espada quando aproximou-se o suficiente puxando-o com todas as suas forças e o levando, finalmente, ao chão.
O garoto sorriu com sua suada vitória e atravessou finalmente a linha vermelha. Ofegante, viu o sátiro aproximar-se sem surpresa alguma no olhar e dar-lhe tapinhas no ombro quando estava próximo o bastante.
–– Poderia ter sido bem melhor, mas, parabéns.
Ele saiu com um irônico sorrio entre os lábios, deixando um furioso filho de Poseidon para trás. Quando viu que o garoto bode estava longe o suficiente, Czar caminhou lentamente de volta ao seu chalé, onde tomaria um bom banho e iria preparar-se para o segundo melhor momento de seu dia: comer.
- Armas:
♆ Espada da Ira — Desde os primórdios da civilização, o Oricalco é usado em Atlantis na construção de armas, armaduras, obras de arte etc, dessa maneira, ele é o metal utilizado na confecção dessa espada para as crias do Mar. Com 95 centímetros, sendo 80 de lâmina e 15 de cabo, a espada possuí guarda-mão de prata em uma esmeralda verd-mar presa em seu pomo, que impede a mão de escorregar e também faz o contra-peso, facilitando assim o manejo. Uma vez por missão, ou a cada 5 níveis, o semideus pode desferir um golpe, usando de toda a Ira de Poseidon. Esse ataque não tem defesa e tira 35 de HP.