Treinos de Hyun Park, filho de Deméter.
Última edição por Hyun Park em Qua 13 Ago 2014 - 19:11, editado 1 vez(es)
Era uma tarde cinzenta, com direito a céu nublado e vento congelante. A arena estava praticamente vazia, com a exceção de dois ou três campistas que persistiam em tentar aprimorar suas habilidades. Até aquele momento, o único treinamento que já pratiquei foi criar flores e pequenas ervas em minhas mãos, mas queria fazer algo maior, explorar mais meus talentos. Desci, então, da arquibancada, de onde costumava assistir o treinamento alheio, e procurei por um desafio. No canto do terreno empoeirado, haviam algumas jaulas com os mais estranhos animais. Como todos os iniciantes tinham costumavam lutar contra a mesma criatura, o cão infernal, não perdi tempo e fui correndo até a gaiola do mesmo. As grades da prisão do cachorro eram grossas e brilhantes, obviamente queriam evitar que o animal escapasse. A única porta, porém, estava obstruída por algumas pedras. Me abaixei e, puxando as rochas com força, consegui remover uma delas. Como os únicos campistas no local estavam bem longe, não me preocupei em não sujar as coisas e joguei o objeto por cima do ombro. A pedra voou para trás e, antes de ouvi-la caindo no chão, percebi um forte som metálico. Virei-me, imediatamente, para saber o que aconteceu. Para meu desespero, a pedra acertou uma gaiola pendurada por uma corrente, à poucos centímetros do chão. Dentro da prisão, estava uma criatura bastante peculiar: possuía rosto e tronco de mulher, porém, patas e asas de pássaro. O impacto fez com que a porta se abrisse e, de lá, o monstro saiu, voando em minha direção. Assustado, saquei o escudo de madeira em minhas costas e o coloquei diante do meu corpo. A harpia deu um rasante e acertou meu equipamento com muita força, arremessando-me com violência para trás. Caído no chão, minhas costas doíam muito e estava coberto de poeira, e sem arma alguma. Minhas foices ficaram na arquibancada, e duvidava muito que o pássaro me esperaria ir lá pegá-las. Precisava pará-la antes que acabasse virando jantar da voadora, e tinha um plano para isso. Levantei-me do chão, sacudindo a poeira de minhas roupas. Apontei, então, minha mão para a criatura, fechei os olhos e, após respirar bem fundo, gritei com toda minha força, permitindo que parte de meu poder escapasse de meu corpo. Alguma coisa precisava acontecer e, felizmente, algo aconteceu. Abri meus olhos e, cerrando os dentes, disparei da palma de minha mão um longo cipó verde, que prendeu a asa direita da criatura. Com somente a asa esquerda para mantê-la no ar, o monstro caiu e, sem perder tempo, corri até o banco onde estava sentado e saquei minhas foices e voltei minha atenção,novamente, para a harpia. Percebi que a criatura já havia se livrado de minhas vinhas. Por mais que isso me irritasse, precisava reconhecer que ainda era um semideus inexperiente e, obviamente, meus poderes não eram tão fortes assim. Não deveria esperar, também, que algumas simples raízes poderiam acabar com a fúria de um monstro como aquele. Novamente, a harpia avançou em minha direção. Ela voava muito rápido, não poderia correr, logo, segurei firme minhas duas lâminas e girei o mais rápido que pude. Saber que acabaria perdendo um braço se tentasse me tocar fez com que a alada recuasse um pouco. Parei de girar e, agora, estava tonto. Apontei mais uma vez para ela e, então, disparei novas vinhas, que amarraram seus braços. Utilizando o cabo de uma das foices, dei uma forte batida no peito da criatura, que despencou da arquibancada e fez um alto baque ao cair no chão. Todo meu corpo doía, não poderia mais lutar. Fiz sinal, então, para um filho de Ares que estava ali há muito mais tempo que eu - era o capitão do chalé - e disse: — Pode prendê-la para mim? Ela deu um sorriso e, simpático, respondeu: — Claro. Ah, e você não foi tão mal para um iniciante. Só escolha um monstro mais fraco da próxima vez. Ofegante, acenei com a cabeça e sentei-me novamente no banco. Precisava ir correndo para a enfermaria, mas, ao mesmo tempo, a última coisa que queria era caminhar. Meu rosto pingava suor, aquele havia sido um treinamento e tanto.
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