E lá estava ela, passeando pelas ruas da cidade, com uma música aleatória no máximo volume, e toda sua atenção focada em uma revistinha em quadrinhos do Hulk. Seu café estava bem quente, mas suas luvas não deixavam o calor irritar suas mãos.

O Hulk nunca havia sido seu herói favorito, mas era um dos mais absurdos, por isso ela o lia incessantemente. Devido a falta de atenção na rua, começou a andar por becos e atalhos desconhecidos por ela, e só percebeu que estava perdida quando tropeçou em uma rachadura na calçada e derramou toda a sua bebida.

Seu coração começou a bater mais rápido, e seu senso precário de direção não ajudava em nada.  Primeiramente, que rua era aquela? Quando finalmente encontrou uma plaquinha com as informações necessárias ela se deu conta de que estava perto da casa de Santiago. Quando isso ficou claro, ela se sentiu aliviada. Se ele estivesse em casa, talvez pudesse ajudá-la a encontrar o caminho correto.

Correu até o endereço do rapaz, e tocou a campainha. Torceu os dedos, e tentou não parecer tão... Perdida.

Quando ele abriu as portas, usando nada além de um short extremamente másculo, emudeci. Era impressão minha ou o Santiago era muito... Gostoso?

-Quer subir? – Ele apontou para as escadas,  e para que eu não ficasse parecendo ainda mais idiota, respondi com um sorriso de alivio.

- Claro, mil desculpas, mas você me pegou desprevenida... – Fiz uma piadinha e apontei para seu corpo. Subi as escadas enquanto tirava meu casaco. – Lá fora estava congelando, mas aqui dentro é bem mais quentinho... Que quarto incrível cara.

Quando o vi abaixando o rosto, tive uma vontade imensa de gargalhar, porém me segurei, não seria uma boa hora, já que ele estava tão... Envergonhado.

- Bem, é minha primeira noite nessa cidade, e para ser sincera, eu nem sei como cheguei até tua casa. De verdade, eu comecei a vagar sem rumo, completamente perdida. Quando já estava a ponto de sair gritando em puro desespero, encontrei teu lar. – Fiz um pouco de drama, mas aquela era eu... – Talvez tenha sido destino, ou mera coincidência. Acredite no que quiser...

Começo a observar o quarto com mais cuidado. Não era bagunçado, mas parecia confortável...

- Então, quer passar a tarde comigo fazendo alguma coisa legal, ou estou te interrompendo? Por que se eu estiver pode falar, daí eu volto para as ruas, e peço pela ajuda de algum maluco desgovernado... Não se preocupe se meu corpo brutalmente assassinado aparecer nas manchetes de amanhã...

O dia passado havia sido extremamente tedioso, e por isso eu havia decidido passear pela cidade. Não existiam muitas coisas que eu quisesse fazer, mas ainda assim seria melhor do que ficar no puro tédio. Observo novamente o quarto e procuro algo para passarmos o tempo.

- Honestamente? Não tenho a menor ideia. Tem algum jogo, ou algo que possamos fazer? – Sorrio, e entro de baixo da coberta dele. Não estava fazendo frio, mas eu sempre gostei de lugares quentinhos. – Eu confio em você.

Quando ele faz uma brincadeira levanto uma de minhas sobrancelhas de forma já conhecida por meus amigos, e sorrio de forma provocante. Levanto-me um pouco tiro minha blusa. Ficando apenas de sutiã debaixo das cobertas.

- Eu não. Preciso de alguém pra me esquentar... - Com um sorriso já mais inocente começo a vestir minha blusa novamente, apenas para continuar a brincadeira que ele mesmo havia começado, porem paro no meio do caminho, pois um dos botões da camisa ficam presos em meu cabelo. Com a voz meio abafada começo a rir bem alto. - Santii, parece que você vai ter que me ajudar e tirar minha blusa...

Ele estava tão próximo que eu praticamente poderia vez sua respiração. Mil pensamentos invadem minha cabeça. Estava superlotado alí, mas finalmente decido me aproximar dele. Quando estava para beijá-lo, ele se afasta. Um ar de arrependimento de invade. Talvez ele não gostasse de mim.

- Tenho algumas ideias, mas não sei se você gostaria delas.. Então melhor assistir um filme, certo? - Tento ver sua reação, e imagino o que poderia estar se passando em sua cabeça. Talvez ele realmente não quisesse nada comigo. - Certo?

Era algum filmezinho aleatório, mas eu mal o percebia. Santiago estava do meu lado, e meu coração batia mais forte. Era uma sensação enlouquecedora. Borboletas no estômago e toda aquela baboseira de garotas apaixonadas. Eu não o olhava e ele fingia que não percebia minha situação. Depois de alguns minutos observando a televisão sem realmente perceber o que se passava na tela ele me beija. Eu me assustei no começo, pensei que ele não se sentisse assim por mim, mas mal pude continuar pensando. Colo minhas mãos ao redor de seu corpo. O calor, e o seu cheiro eram muito bons. Seu corpo macio e nossas línguas entrelaçadas em um beijo ardente. Após corresponde sua iniciativa à altura sussurro em seu ouvi.

- Não estamos acabando com nada. Eu te prometo.

Volto a beijá-lo. Naquele momento me senti a garota mais sortuda do mundo.

Ele era exatamente tudo o que eu sempre imaginei, e por isso mesmo não poderia envolvê-lo nessa confusão chamada "Cabeça da Pacífica". Eu era completamente louca, e graças à isso as pessoas normalmente se afastavam de mim. Ele era maravilhoso, e eu era a maluca. Sento-me direito, e encosto minha cabeça no ombro dele.

- Santiago... Eu não sei quem eu sou. Não posso deixá-lo maluco como eu. - Entrelaço meus dedos entre os seus e continuo alí. Como eu queria poder congelar aquele momento...

Quando a música começa e ele faz uma pose engraçada, não consigo me conter e caio em gargalhadas. Mas não perco muito tempo rindo, pois ele me puxa para perto, e nosso corpo ficam colados. Sorrio, e lhe dou um beijo, depois sussurro:

- Sou o tipo de garota "cool", ou seja, não sei dançar e finjo que sou legal por causa disso. - Seguro em suas mãos, e começo a remexer de uma forma quase boba, depois paro. - Mas por você, eu aprendo.