A habilidade de se mover em silencio era um dom dado a poucos. Eu dominava aquelas técnicas como poucas pessoas o faziam, mas agora tinha total ciência de que boa parte disto era devido aos dotes de meu pai. Hoje eu havia decidido que ia praticar taijutsu e kenjutsu, porém aproveitava a jornada até a Arena para praticar caminhar em silencio e a furtividade. Ao pisar na grama, dividia o peso igualmente por todo o pé, apesar de antes pisar com o calcanhar, depois com a lateral e só depois com a ponta. Enquanto fazia isso, utilizava as sombras de nuvens e estruturas para me camuflar. Uma vez dentro da Arena, olhei para os fantoches e instrutores e me dirigi até a subdivisão de força e velocidade inicialmente. Olhei calmamente o fantoche e entrei em posição de combate. Uma mão, aberta, verticalmente posicionada a vinte centímetros do corpo, a outra fechada em punho na altura dos seios e a cinco centímetros do corpo, a perna direita para trás e com o pé posicionado horizontal... O peso estava dividido igualmente pelo corpo com a finalidade de dar equilíbrio. Sem o menor aviso, comecei. Ao golpear o fantoche, eu concentrava minha energia nas mãos e pés. Testava combinar chutes, socos, cotoveladas e muitos giros para combinar os ataques e acertar em lugares que possivelmente incapacitariam o alvo. Pescoço, pulso, tornozelos, estomago e a parte de trás da orelha eram minhas áreas prediletas para atacar. Não havia, é claro, uma criatura viva que fosse sucumbir aqueles golpes, portanto praticar com eles era apenas uma coisa que me forçava a fazer. Abrindo a mão direita, anteriormente fechada, desferi um golpe com a palma na barriga do fantoche. Minha mão formigou e pressenti que ficaria vermelha e dolorida por algum tempo. Suspirei e voltei a posição inicial, antes de ficar em posição de sentido e fazer uma reverencia ao fantoche. Suada e começando a ficar fadigada, creio que já estava ali treinando a quase quarenta minutos quando decidi treinar um pouco de kenjutsu antes de me retirar. Para praticar, escolhi uma espada curta. Ela parecia bastante agradável a minha mão, sendo leve porém podia sentir que possuía um enorme poder dentro de si. Girei a arma na mão e voltei ao fantoche.
Agora estava na hora de treinar algo que meus poderes não cobriam agora e, talvez, nunca. Com uma lamina, eu não iria falhar. Já tendo um conhecimento prévio de seu manuseio, creio que seja mais fácil para mim manuseá-la. Foi preciso pouca coisa para os golpes fluírem. A lamina devia se mover como uma extensão natural de seu corpo, algo que reage ao seu pensamento inconsciente. Caso contrario, vocês seriam inimigos mortais. O maior inimigo de um espadachim era o medo da arma. Apenas aqueles capazes de controla-la tinham o direito de a manusear. Os golpes fluíam com certa facilidade, mesmo que eu não fosse exatamente um gênio da espada. Na realidade, eu até tinha o potencial, só não tinha experiencia para isso. Conforme eu me movia, as vezes me atrapalhava nos golpes e quase me machucava. Aquilo nunca mudaria? Bufei, revirando os olhos. Não desistiria assim tão fácil. A arma dava prioridade a junção de força com velocidade e eu tentava me adaptar aquilo. Não possuía a força ou a velocidade dos ventos ainda, o que me tornava um pouco limitada ainda naquele quesito, porém isto podia me intimidar? Nunca. Quanto mais eu parecia fracassar contra o fantoche, mais eu queria melhorar. Trocava a arma de mão, juntava movimentos de esquiva com os de ataque, contra atacava o nada, realizava sequencias de cortes enquanto saltava para o lado para escapar de uma espada letal... Então o cansaço começou a me vencer e o suor encharcava minhas vestimentas. Estava na hora de parar. Eu não forçaria mais do que aquilo, não sabendo que poderia desmaiar por cansaço caso exagerasse. Devolvi a arma a estante e retornei ao chalé me arrastando.