Violet Song
Progenitor
AfroditeIdade
19 anosNacionalidade
Coreana-americanaSexualidade
HeterossexualTipo sanguíneo
OExtra
Astrólogos de AstérisPersonalidade
Sendo sempre alvo de rumores ao seu redor e não tendo ninguém como ponto de apoio além de seu pai, não é de se estranhar que a filha de Afrodite se tornasse uma pessoa de difícil aproximação. Ademais disso, devido a todos os problemas causados por uma dislexia não diagnosticada, ela se sente como alguém que não tem nada a oferecer além de uma boa aparência. Suas percepções sobre a própria mãe sempre foram muito afetadas por um estereótipo da relação entre beleza e futilidade, mas a medida que permanece no acampamento, muito do que ela julgava conhecer vai ganhando novas significações, incluindo, a própria Afrodite.
História
O som das canetas batendo freneticamente contra as mesas em ritmos diferenciados, os raios solares invadindo a sala e atingindo meus olhos. Eu poderia apontar esses fatores pelo fato de meu foco durante a prova ser praticamente nulo, mas todos já sabiam que eu era estúpida. A cada vez que eu tentava ler o texto da questão, minha respiração ficava mais irregular e um aperto surgia no meu peito. Conhecendo bem meu organismo, eu sabia o que estava por vir, e por isso corria para fora da sala evitando sujá-la de vômito.
Quando voltei, os olhares sobre mim denunciavam como meus colegas acreditavam que tudo não passava de um fingimento. Mas eu já estava acostumada de qualquer forma as várias atribuições nada carinhosas que recebia. Eu não lembro exatamente de quando comecei a repelir o que havia comido à medida que algo que me deixava nervosa acontecia, porém, recordo que inicialmente os rumores falavam que eu havia engravidado. Sendo sincera, eu sempre senti que as histórias faltavam criatividade, mas não é como se fosse questionar de qualquer forma.
Era quase que compreensível a razão que minha existência gerar tanto alvoroço, considerando que sou filha de um dos escritores de romance mais populares da atualidade, e ao mesmo tempo, sou incapaz de ler qualquer texto longo sem minha mente entrar em colapso. Todos apontavam que eu provavelmente havia puxado minha mãe, e eu achava curiosa a forma que conseguiam visualizar tão bem alguém que nem eu mesma conhecia.
Eu sempre tentei manter a postura mais indiferente possível quanto a tudo isso, mas eu sabia o quanto doía ser considerada a garota bonita, sem nenhum conteúdo. Talvez porque eu genuinamente me esforçasse, e ainda assim, os frutos não eram colhidos. E foi à partir disso que me tornei ansiosa, patologicamente falando. Todas as vezes que eu tinha que provar que era mais do que um rostinho bonito, logo os sintomas vinham. Estranhamente, quando chegava em um nível que eu não podia aguentar, onde eu literalmente sentia que minha morte estava chegando, sentia uma presença estranha. Era aconchegante e feminina, eu nunca tive mãe, mas poderia comparar a um afago materno.
Embora me esforçasse ao máximo para tirar isso da minha mente, eu precisava de uma opinião externa. E quando digo isso, quero dizer a do meu pai, a única pessoa que não me consideraria louca. Ele tinha essa coisa toda de acreditar em deuses que me incomodava, grande parte das suas obras se baseavam nisso, principalmente em Afrodite, o que eu considerava ridículo. Até entre os deuses, haviam pessoas que chamavam a atenção apenas pela aparência? Então, a Terra e o mundo superior tinham muito em comum.
Começo a contar sobre o que vem acontecendo comigo, as crises de ansiedade acompanhadas pela presença de algo, que eu não sabia definir. E é nesse momento que ele começa um discurso padrão de pai de semideus, sobre como esperava a hora certa para contar, que eu era diferente, e outras coisas que eu não posso repetir, porque parei no anúncio da palavra “semideus”.
Algumas vezes, eu desejava ter alguma explicação para o fato de não ter mãe, para o meu aprendizado lento, e todas as outras coisas que formam o que sou. Mas não era essa a explicação, então insisto várias vezes para que ele retire o que disse, que admita logo que só está me testando para saber se sou tão estúpida quanto os outros pensam, ao ponto de acreditar em uma história dessas. Não adiantava, seu olhar triste parecia real demais para ser somente uma brincadeira.
A palavra Afrodite deixa meu coração ainda mais inquieto. Não demonstro muita gratidão ao saber que agora tenho uma prova concreta que sou alguém que se destaca apenas pela beleza e nada mais. Era exatamente isso que a deusa representava para mim. Novamente o ciclo se instalava, perda de ar, aperto no peito e ânsia de vômito. Ao ser apresentada a uma situação que eu não tinha nenhum controle, era fácil prever que eu reagiria assim.
Levou no mínimo uma hora para eu conseguir voltar ao meu estado normal, mas obviamente, aquilo só estava começando. Meu pai não faria uma revelação dessas sem nenhuma razão, como bom escritor, ele gostava de manter seus segredos. E então, lá estava a cereja do bolo, uma criatura estranha, que se diz sátiro, falando em me levar para um tipo de acampamento. Considerando que nunca tive contato próximo com ninguém além de meu pai, eu não aceitei de forma alguma. Disse até algumas palavras obscenas, que não eram de meu costume falar, mas eu estava simplesmente irritada.
Entretanto, ele era esperto, tinha seu próprio jeito de convencer as pessoas. Sabendo que meu pai era a única pessoa que eu me importava, e quem me fazia ainda querer continuar viva, o sátiro me contou sobre as criaturas que viriam atrás de mim, e como elas também não deixariam meu pai em paz caso eu estivesse com ele. Dessa forma, eu não tinha mais como relutar, porque não importava o que acontecesse comigo, contanto que eu pudesse manter a pessoa que mais aprecio no mundo a salvo.
「R」