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☾ eclipse ☽ Light-years away from you A distant orbit cast away, Your gravity, it pulls me near And it keeps me closer to your side. Hide from the light I'll navigate through the dark I feel in you |
Fez-se necessário retornar à poltrona macia e veludosa, na qual sentou-se e recostou-se no respaldar alto como se buscasse um descanso apropriado. Werstonem tinha muito em que pensar ultimamente: a ameaça de uma deusa desconhecida, Arissa, pairava sobre si como uma sombra opulenta e sufocante. As imagens do massacre brutal ao acampamento meses antes não deixava sua mente, os pesadelos pareciam cada vez mais constantes. Esgueirando-se sobre o tapete felpudo e claro, a criatura sombria aproximou-se o suficiente para fitá-la com os grandes e misteriosos olhos amarelados antes de miar.
Suspirou. — Não sei, Felix. Mas minha intuição me diz que isso é necessário. — informou ao familiar que, por sua vez, soergueu a cauda negra antes de dar-lhe as costas e deitar rente à lareira. Era uma noite fria, de fato.
Pegou algo do interior do bolso do vestido preto, um pedaço dobrado de papel. Aquela carta chegara há pouco menos de dois dias, mas já havia lido tantas vezes que esse espaço de tempo parecia distorcido. Ao abri-la, deparava-se com a caligrafia impecável de seu primo, que escrevera cada palavra com um toque de delicadeza e precisão que sempre deixavam-na boquiaberta. Estava atualizando sua localização, passara as três últimas noites em Viena antes de seguir viagem. Na foto anexada, encontrava-se bem agasalhado e com um homem deveras bonito consigo, ambos sorridentes. Pareciam alheios aos problemas que cercavam todos, mas aquilo deixava-a feliz — a segurança de Aleksander e Sebastian, até então, estava intocável e eles estavam bem afastados, curtindo seu momento, em um exílio temporário. Pensar em seu primeiro aprendiz a fazia lembrar da segunda, mas o paradeiro de Beatrice lhe era uma incógnita. Ah, sua adorada Bree, a qual trouxera pessoalmente do mundo dos mortos para uma segunda chance nesse plano.
Hylla suspirou. Esperava que ela estivesse bem.
— A princesa chegou, senhorita. — a voz solene do mordomo tirou-a de seus pensamentos. Hyl assentiu, vendo-o se afastar. Quando voltasse, provavelmente estaria acompanhado de alguém; uma pessoa que a feiticeira esperava para conversar havia um longo tempo. E agora estariam cara a cara.
- Com toda licença, ela já se encontra aqui, Vossa Alteza.
O som das duas palavras finais fizeram-na sentir um arrepio, do tipo de arrepio ruim, que ninguém gosta de ter. Ao que tudo indicava, James sabia exatamente quem ela era, a pergunta não era como, mas quando. Quando Isabelle descobrira que Reyna K. Mavros era uma farsa?
Agora era tarde e aquilo não teria como ser esquecido, respirou profundamente e contou até 50, uma certa semideusa esperava por ela no andar de baixo, outra que provavelmente também já teria descoberto o segredo. Contudo ainda era desconhecido o motivo daquele encontro, a prole de Nêmesis estava curiosa, com um certo medo e talvez um pouquinho de animação. Contou novamente, porém até 100. Estava tentando atrasar-se, não ser pontual e fingir que tinha melhores coisas para fazer do que conversar com a outra feiticeira.
Era como se estivesse passando por tudo aquilo de novo. Todas as vezes que descera as escadarias de Mônaco, indo ao encontro de algum outro príncipe, lorde, conde, ou qualquer nobre que pudessem encontrar. Em pleno século XXI ainda queriam arranjar o casamento da jovem. E aquilo era algo constante desde os 14 anos de Amélie, contudo Jean ajudava a irmã, colocava uma peruca e descia as escadas em um dos vestidos dela, os criados eram obrigados a apresentar Jean como se fosse Amélie, o que logo fazia o pretendente sair correndo. Jean tornava cada pedaço ruim da vida dela em algo melhor.
Agora teria de aprender a descer as escadas por si só.
Parou a contagem em 83, seguiu até a sala de estar onde, em meio a escuridão da noite e a iluminação quase toda artificial do local, estava a feiticeira. Sua teoria de que Hylla já sabia sobre Mônaco fora comprovada diante ao anúncio feito pelo mordomo. A prole da vingança sentou-se no sofá oposto a poltrona onde a outra se encontrava, um chá também esperava por ambas.
- Perdão pela minha demora, gostaria de chá?
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— Eu adoraria. — um sorriso alargou-se na boca, exibindo a fileira alva de dentes perfeitos como porcelana. O gato no chão sussurrou alguma coisa em sua mente, fazendo-a erguer uma sobrancelha. Felix estava pacífico até então. Serviu-se do líquido fumegante ao derramá-lo com graça em uma xícara de material chinês, detalhado com flores e frutos tímidos. Estreitou as íris, as quais momentaneamente reluziram em um violeta venenoso. — Boa noite, Vossa Alteza. — por fim, proferiu. Segredos não ficam escondidos por muito tempo, e a Ilha de Circe era um local onde as paredes tinham olhos e ouvidos e as árvores sussurram umas às outras. Ademais, nada escapava-lhe. Werstonem nunca seria ingênua a ponto de marcar uma reunião secreta sem antes ter certeza do que fazia.
Seus sonhos não mentiam, suas previsões acerca do futuro tampouco. E os fantasmas que aprisionara e que hoje servem-na lhe eram confessores da verdade. Sabia quem era aquela mediante si, cujo sangue tão nobre estava a poucos metros de distância, compartilhando o mesmo espaço. Ao visualizar a expressão de Mavros, não deixou de notar o quão bonita é — dona de cabelos castanhos brilhosos, olhos profundos e repletos de mistérios. Deu um gole em sua bebida antes de repousar a xícara ao pires correspondente, colocando-o sobre a mesa.
— Não se preocupe, nenhum segredo seu escapará dessa sala. — assegurou. Passou as mãos pelo vestido negro que trajava, como se quisesse limpá-lo de possíveis partículas de impureza. E seus olhos, ah, aqueles belos olhos repletos de magia, cravavam-se na outra jovem como se estivessem ansiosos para destroçá-la e saber mais. — Eu sei que não tivemos um bom primeiro encontro, Reyna. Não queria que houvesse sido daquela forma. Mas aqui estamos nós uma vez mais, então espero que você esteja contente em me ver. — gracejou. Ergueu-se, consumindo o espaço com a sua presença conforme caminhava, resvalando os dedos pela mobília até parar frontal a lareira. Olhou sobre o ombro.
— Chamei-a aqui para mais que um chá, senhorita. Queria poder tê-la convocado para banalidades como esta, mas cá entre nós, o tempo não está ao nosso favor. Confesso que fiquei impressionada ao saber quem você é, embora isso seja um segredo a ser mantido à sete chaves. Mesmo assim, eu descobri. E seus inimigos descobrirão um dia se não for cuidadosa. — e nada dura para sempre. Hylla fitava o fogo, como movia-se veloz e dançante em seus movimentos hipnóticos. — Sonhei com você há muito tempo, sabia que um dia você chegaria. E aqui está. Sonhos proféticos são comuns a mulheres como nós, e deveras traiçoeiros também. Tal qual previ sua chegada, também visualizei sombras. Grandes sombras estendendo-se das partes mais profundas do abismo, ascendendo rumo a nós, caindo sobre a terra. E todas as bruxas foram silenciadas para sempre.
A última frase foi um murmúrio atípico. Obviamente, talvez suas visões estivessem equivocadas ou fossem figurações diferentes de eventos futuros; a inconstância do destino tecido pelas Parcas fazia com que as linhas do desconhecido permanecessem ainda mais dificultosas de serem lidas. Houve um silêncio interminável, durando eternos segundos, meticulosamente intercalado pelo crepitar do fogo na lareira. Um giro leviano fê-la retornar à poltrona, onde sentou-se e mirou o rosto alheio.
— Nossa patrona vê em cada feiticeira de nosso coven uma chama específica, reluzente e mortal. Uma aura forte demais para ser ignorada, e por isso somos suas sacerdotisas e fiéis súditas. Costumo algumas vezes duvidar das decisões de Circe, mas não quanto a você, Vossa Alteza. — Werstonem ergueu uma sobrancelha. Era claro que aquela cortesia real que usava para se referir a Reyna não passava de um divertimento próprio, embora não infundado. — Eu posso enxergar através dos seus olhos, direto na sua alma, o fogo que a preenche. Entendo porquê Circe escolheu-a e tocou-a. Você guarda em si mais do que pensa. — garantiu. — E como toda grande chama, a sua sombra é igualmente poderosa. Seus inimigos, seus medos e fantasmas próprios, são tão grandes quanto o seu potencial. Não sei se poderia vencê-los sozinha. — deu mais um gole de chá.
— Mas você não está sozinha.
Assim que realocou o pires sobre a mesa de centro, fitou-a.
— Aleksander, Bree... São outros dois semideuses nos quais percebi o mesmo potencial que noto em você. Por isso iniciei esse círculo secreto; uma questão de sobrevivência, esperança entre os nossos. Como disse, as sombras se aproximam de todos nós... — sorriu. — E já estamos movendo nossas peças nesse tabuleiro. Nessa guerra contra os nossos inimigos, nós daremos o primeiro ataque. Junte-se a nós.
Pacientemente observou o chá cair graciosamente na xícara de Hylla, serviu-se logo após, sem tirar os olhos da prole de Melinoe, que havia chamado Reyna pelo pronome de tratamento, claramente uma provocação. Assim como deveria ter sido muito óbvio para ela que Amélie era uma princesa, também era óbvio que a mesma odiava aquilo. Como que se tivesse lido os pensamentos da princesa, a outra deu a ela a segurança de que aquela informação não sairia dali.
Fez questão de olhar profundamente as íris da outra feiticeira no momento que a outra olhava-a. Se não soubesse que ela era comprometida, Reyna talvez se deixasse cair na tentação, Hylla não tinha uma beleza exuberante, mas havia algo extremamente atrativo na feiticeira.
- De fato, estou contente em vê-la, embora, devo revelar, que não consigo imaginar motivos para essa visita – mexeu a colher no chá, retirou e colocou sobre o pires, tomou um longo gole, sem deixar de encarar a outra – A não ser, que suas intenções sejam apenas as de fazer uma visita para tomar um chá noturno. O que devo supor que faças para com todos os demais feiticeiros.
Sorriu de canto, era óbvio que Hylla não estava ali para apenas um chá, embora fosse nisso que Reyna queria acreditar. Porém a outra falou sobre sonhos proféticos, que havia visto a prole de Nêmesis e sombras, as quais dominaram a sala de estar, junto ao ruído do fogo, uma certa preocupação tomou conta de Reyna. Talvez fossem apenas delírios da outra semideusa, mas era mais provável que ela estivesse certa, já era comum atacarem o mundo mágico.
Tentou não demonstrar nenhuma expressão quanto a sua preocupação, quanto as palavras de Hylla sobre o potencial e os motivos pelos quais Circe havia escolhido ambas. De fato Reyna sabia que era capaz de feitos extraordinários, só não tinha conhecimento de como realiza-los. Por fim, a outra parecia estar tentando vender um produto, finalmente clareando seu objetivo ali, era uma proposta extremamente tentadora, a qual a princesa não conseguiria recusar, embora fosse um tanto perturbador o sorriso que se estampara no rosto de Hylla ao falar sobre a aproximação das sombras. Mas era notável que ela tinha um pé na luz e o outro nas trevas, de fato, todos os semideuses tinham.
- É um proposta um tanto atrativa, irei aceita-la.
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