Ali estava eu, basicamente jogada na minha cama no chalé como se fosse uma simples boneca sem vida que fora esquecida ali a muito tempo, para ser confundida com isso não faltava nada mais além de pequenas teias de aranha que rapidamente apareceriam se eu continuasse por ali sem fazer nada enquanto a vida, sim a inútil vida, passava pelos meus olhos como se fosse um filme sem fim, mas estava decidida a parar com isso, voltar a viver e ao menos tentar viver naquele novo lar. Bom, nunca havia pensado que seguiria uma garota que nunca havia visto antes e que ainda por cima se dizia filha de uma divindade grega para um lugar como aquele, realmente eu tinha perdido a sanidade por um curto tempo, porém, quando coloquei os pés ali pela primeira vez percebi a existência da verdade na garota que não voltara a ver, mas tinha certeza de que ela deveria estar por ai no mundo em busca de outros “semideuses” ou salvando a pátria com o nome de sua mãe… Ah, aquela filha de Atena ainda me deve muitas histórias.
Levantei, calcei os coturnos nos pés e arrumei a calça que colava nas pernas por baixo do “cano” do sapato, um suspiro escapou pelos meus lábios ao perceber que o calçado já estava quase furado –
Ah, que beleza o único par que eu tenho aqui e essa joça tá se acabando, essa vida tá cada vez melhor em – A regata já estava no corpo e os cabelos bem presos em um rabo-de-cavalo no topo da cabeça para que não acabasse se desarrumando durante as horas seguintes. Tudo quase pronto, agora faltava o meu antigo grimório que acabei recebendo de Quíron quando cheguei no camp junto com o cajado de ouro que graças aos deuses era mutável, ou seja, se transformava em um anel que não saíra do meu dedo desde então, era estranho a sensação de conforto que aquele objeto me trazia, mas isso realmente não vem ao caso. Acabei achando o grimório embaixo de uma das pilhas de roupas que Tay deixou jogada pelo chalé antes de entrar para os feiticeiros –
Deuses, que tranqueira desnecessária isso Tay – Sai do espaço das crias de Hécate quase voando pois ao longe aviste uma penca dos novatos reclamados pela minha mãe vindo ao chalé –
Você tem que aprender a não ser tão assanhada mãe…Tudo bem, o acampamento não é um lugar tão ruim, não tem gente tão chata, mas, ainda assim, a sensação que tenho de estar por aqui é de se entrar em uma colônia de férias ou em um colégio interno só que sem aquelas regras e mais regras além de não ter acesso a contrabando de bebidas se não tivermos uma ligação com algum filho de Hermes ou Dionísio, só que, pelo menos, dessa forma estou deixando meu vício de lado, ou melhor, não sinto mais falta dele. Continuei caminhando pelas trilhas marcadas no chão batido, alguns conhecidos me cumprimentavam com alegria no olhar e com isso me sentia mais disposta, como se estivesse sugando um pouco daquela felicidade pra mim que seria muito bem gasta no treino que estava propondo para mim mesma como dois intuitos: 1º Conhecer meu potencial como filha de quem era e 2º Mostrar que alguém como eu poderia evoluir bastante se tivesse dedicação.
[…]
Algumas vantagens de ser mais uma das crias insignificantes de Hécate é poder ter um espaço mais reservado como arena de treinamento, normalmente a floresta é o melhor lugar para pessoas como eu para poder se conectar com a natureza, com os elementos, guardiões e seres de energia que circulam entre nós em forma intangível para não serem incomodados por curiosos mal intencionados, por mais que eu queira negar que isso faz parte de mim acabo não conseguindo pois desde muito nova minha curiosidade ou talvez familiaridade com assuntos no tema magia sempre me fascinavam e encantavam como um brinquedo lindo encanta uma criança ingênua, agora mais do que nunca eu despertaria a magia que vivia aprisionada dentro do meu interior e uma vez despertada iria se expandir talvez de forma incontrolável ou até mesmo de forma dócil para ser moldada agora só restava começar para assim descobrir.
Já está parada no coração da floresta, com toda certeza não iria ser interrompida por ninguém por um bom tempo e a chance de estar no meio de alguma simulação de ataque ou caça-bandeira era extremamente mínima, quase inexiste para se dizer a verdade então tudo que fiz foi tirar o anel do dedo deixando que se transformasse do meu cajado, nunca havia tentando fazer magia antes, mas como se eu já tivesse realizado aquilo milhares e milhares de vezes fechei meus olhos, toquei a extremidade do cajado no chão e tracei um círculo em sentido horário enquanto a respiração se mantinha controlada e a mente se esvaziava pronta para receber o novo conhecimento que viria. O círculo estava traçado e eu me sentava calmamente no centro do mesmo, ainda mantinha a respiração sobre controle, pousei o cajado ao norte fazendo com que o mesmo ficasse em minha frente assim como o grimório aberto, tinha certeza de que estava tomando os procedimentos corretos mas não me permitia pensar sobre isso para não atrapalhar o decorrer do “rito” e as coisas começavam a acontecer quase que automaticamente, minhas mãos se movimentavam lentamente para as quatro direções como se evocassem a presença dos elementos primordiais, depois se voltaram em um ângulo de 90º perfeito para o céu. Sentia a energia sendo canalizada para o meu corpo, se misturando a mim e correndo junto das minhas veias como se copiassem a circulação sanguínea. A energia tomara conta de todo o meu corpo e agora me esforçava para mantê-la aprisionada pelo tempo que era necessário.
Me levantei ainda dentro do círculo, e direcionei as mãos para a árvore mais próxima ( cerca de 2 m no máximo) e entrando em sintonia com a árvore pedi permissão para que me emprestasse sua superfície como papel, meus pensamentos voltaram na minha infância jogando vários desenhos marcantes que iam sendo entalados no tronco da árvore, cada vez mais desenhos, alguns aleatórios outros com significados, minha cabeça começava a girar e o poder começara a querer se expandir, mas não estava pronta para aquilo então como se tivesse levado uma rasteira cai de joelhos sobre o chão fora do círculo. Eu queria fazer mais, muito mais mas será que eu poderia? Sim, pelo menos tentaria fazer mais alguma coisa nem que fosse mínima. Olhei para os desenhos, todos sem cor, sem vida e novamente voltei as mãos para eles, mentalizei os mesmos desenhos em lindos tons de dourado vivo enquanto eles se mexiam interagindo entre si, mantive minha energia direcionada para isso até o momento que consegui e por fim tive o resultado. Os desenhos agora estavam mais belos e se mexiam com eu e você podemos nos mexer, mas ia perdendo essa característica aos poucos até voltarem a parar... Eu teria de treinar mais.
- Poderes Treinados:
Lvl 1 – Mágico: Todo filho de Hécate é um mágico natural. Embora, esse nível de poder só permite que ele faça pequenas coisas, ou crie pequenos enfeites.
- Levitar ou mover lentamente objetos a pequenas alturas.
- Troca a cor de um objeto.
- Pode variar a temperatura de um objeto.
- Criar desenhos sobre objetos.
- Criar barulhos suaves, sem qualquer capacidade de irritar.
- Pode criar efeitos interativos simples, como acender velas, ou fechar janelas, luzes do nada, ou baralhos vivos.
- Criar pequenas luzes, semelhantes a vagalumes.
A quantidade de material para as três primeiras habilidades é de meio quilo, aumentando proporcionalmente esta quantia a cada 7 leveis. Os efeitos podem ser simultâneos, respeitando a regra de tamanho.
PENSAMENTOS