De joelhos eu caí perante à Cérberus e num piscar de olhos estava de pé, numa sala completamente branca. Eu quase caí, tive um infarto e voltei à vida quando ao girar a cabeça vi Louis do outro lado. Aquilo com certeza não era divertido.

Minhas armas estavam comigo. A roupa agora era folgada e quentinha. Também branca, mas a jaqueta negra me destacava na arena. Eu estava usando um dos meus dons naquele momento. O controle emocional que não permitiria que eu chorasse e desviasse os olhares para Louis... Nem se ele morresse... Era difícil... Mas. Mas eu conseguiria. Respirei fundo duas vezes. Três. Foi preciso a quarta e eliminar o excesso de líquido que queria se formar nos meus olhos. Eu tentava manter-me bem. Estava tentando.

Quando uma telinha apareceu na minha frente, não pude conter meus sentimentos. Eles pareciam que iam explodir. Éris... como pôde? será que ela só me via como um brinquedo? Era evidente que sim. Mas ela havia mencionado um duelo. Olhei para frente quando a tela sumiu.

- Esse cheiro... Você. Sim, você é uma delas!

Mênades. Durante muito tempo briguei com os Menestréis por causa delas. Dizendo que talvez teriam mudado com os éons, mas não. permaneciam traiçoeiras.

- Eu achava que não, mas os Menestréis estavam certos... as Mênades nunca irão mudar! Primeiro Orpheu, agora seus protegidos? Você já é a segunda no meu louco dia. A primeira me abandonou a mercê de um Cérberus em pelo deserto. O que você fará?

Minha voz era rouca e sem vida. Talvez tinha sido roubada por Éris ou ao ver meu noivo do outro lado daquele lugar louco. E se derrotando ela fosse o único modo de sair dali e salvar Louis, seria um prazer vingar 2 causas em um dia, mesmo que eu nunca tenha matado ninguém.

A arpa de nada serviria. Não para o que foi elaborada para fazer. Boa música. Entretanto, naquele momento e em minhas mãos, um som ensurdecedor saiu dela. Não sabia se era minha raiva que o tinha feito, mas era algo que nunca havia experimentado. Toquei no colar em meu peito e Love foi ativado. Devagar, eu andei até a Mênade como um fantasma sem alma, inocente. Não sabia quem ela veria, mas seria seu grande amor, presente ou passado. Feito isso, mandaria um beijo corpóreo, daqueles que não há distância que impeça sua transmissão e em seguida usaria minhas forças num combo de combate direto, seguido de Jab, Jab, Jab, Direito, Esquerdo, Direito e Uppercut.

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Joseph? Era esse o nome do amado dela? Seu grande amor tinha... o nome do meu pai?

Quando cheguei perto dela, pude ver melhor suas feições... Eu conhecia aquela garota. E suas palavras pesaram em minha mente. Quando o amor se transforma em ódio é difícil controla-lo. E a culpa vinha logo em seguida. Entretanto, no instante em que me toquei do que estava acontecendo, eu já não podia mais voltar atrás. Sorte que a garota tinha materializado uma barreira entre nós. Sorte dela, pois ouvi gritos. Gritos do meu amado.

- LOUIS?! - serrei os dentes e pus as mãos nas orelhas - Para! (Poder Grito)

Meu defeito mortal. Nunca negar meus sentimentos. Fechei os olhos e engoli em seco. Duas lágrimas desceram por meu rosto. Não podia olhar para o lado. Não podia. Os abri novamente e foi involuntário. Já estava olhando. Mas para o afago de meu coração, os vidros estavam pretos como piche, mas não era só isso. Havia sangue sendo derramado pelo chão branco. Não era o meu. Não era o da garota. Eu não tinha armas para isso. O calor começou a me incomodar e novamente soube o que estava acontecendo. Era efeito da sala.

- Lilian - disse o nome da garota.

Meses antes, no aniversário de minha cunhada, Zoey, a garota estava na festa bebendo vinho. Eu ainda não era Menestrel, nem ao menos o líder deles. Mesmo assim, lembrava dela. Não tinha percebido que ainda estava parecendo com Joseph, seja lá quem fosse, mas quando lembrei que dizer seu nome com a aparência e voz do amado, tirei imediatamente o colar que me permitia fazer isso e voltei a aparentar ser eu mesmo.

- Me perdoa - não conseguia encara-la.

Eu sentia vergonha, mas ainda sim não via um jeito de sair dali se um de nós não fosse nocauteado. Estava pensando em desistir. Pedir para sair quando algo entrou na minha mente e começou a falar. Era Éris.

"Nem ao menos cogite a ideia de desistir! Escolhi a ti para ser meu campeão e me deves a alma, lembra-te? Faça isso por mim. Derrote-a e mostra-lhes meu poder. Caso me contradigas, não terá a chance de dar adeus à Louis."

Boquiaberto, tive de encarar Lilian. Tudo bem, agora mesmo que não tive escolha. O pedido de desculpas seria para o ataque anterior e o que viria posteriormente. Minhas unhas cresceram de forma descontrolada e se fortificaram posteriormente.

- Isso não é mais contra você. Você está certa... em verdade também penso assim, mas... eu não posso perder.

Talvez aquele sangue atrapalharia meus movimentos, mas talvez eu pudesse atrapalhar ela antes.

- Lilian, olhe nos meus olhos! (Poder Charme II) - disse com a voz mais persuasiva que conseguia.

Feito isso, esperava que ela olhasse e quando me encarasse, teria feito como a amaldiçoada Medusa, paralisa-la por um tempo (Poder Olhar de Medusa I), o tempo que eu queria para poder atacar com as garras, usando a leveza e a agilidade de minhas habilidades.

"Louis, Stay Strong! I'll go save you!"(Telepatia II)

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E mais uma vez o cenário mudou. Aquilo seria assustados de um dos meus sentidos não fosse mais apurado que os outros. Louis, caído à beira da morte, com cortes e ferimentos graves. Guerreiros prontos para a luta me esperavam num deserto louco e amarelado pelo Sol. E Lilian livre do olhar de Medusa, querendo as respostas.

A sala estava mudando novamente e desta vez pude perceber. O sangue se transformava em água e já alcançava os joelhos. Eu não via, mas sentia e ouvia a água escoando.

Entrei no jogo da garota e deixei ela acreditar que tinha me pegado. Com os punhos cerrados avancei com a graça de um cisne, parecendo um anjo bailando pelo deserto contra guerreiros fortes e bem armados. Meus movimentos não eram os mesmos, mas deveriam ser. E enquanto utilizava dos conceitos que tinha aprendido com meu mestre de boxe e as lutas no Camp HB, respondia as perguntas feitas, ao menos tentava.

- Se eu não vencer... Coisas ruins vão acontecer... É complicado, mas eu posso perder o amor da minha vida se eu não vencer. E pelo meu amor, eu faço tudo... - virei o rosto buscando forças naquele ser caído que não poderia ser o verdadeiro e foquei no rosto dela novamente - É por isso que preciso ganhar. É por isso que peço desculpas. Tentarei não te machucar... Tanto.

Ignorei por completo os guerreiros e as unhas cresceram mais ainda e foram fortificadas num desejo louco em pensamento(Poder - Unhas Afiadas e Garras). Louis, era minha meta. Minha vida. Eu tinha que sair dali e resgatá-lo, mas quem dirá que Éris não atacaria ele depois, quando estivesse sozinho? Eu não aguentaria a dor de perde-lo assim tão precocemente. Éris tinha a minha alma, não estava querendo roubar meu coração.

Usei do meu autocontrole para trancar minha mente e focar na guria, seja em sala temperamental ou deserto escaldante. Num salto controlado tentaria chegar o mais próximo possível para causar qualquer espécie de arranhão na garota. Eu não queria mata-la. Não precisava. Nem por Orpheu faria isso, mas tive uma ideia que poderia funcionar, senão fritaria nós dois.

A ideia era me transformar na figura de Eros e usar de suas asas para me manter longe da água(Metamorfose), pois, com a harpa, instrumento meu dado por Orpheu, iria usar de um estrondo sonoro a nota musical Lá, disparando um raio na "piscina". Estava usando da inteligência e dos princípios de eletricidade para conduzir o raio pela água. Só teria como escapar se ela pudesse voar(Estrondo Sonoro: Lá).

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Minhas unhas ainda coçavam querendo mais. Era o veneno percorrendo pelas pontas, veneno este que entrara em contato com a pele da garota. Na estratégia condutiva ela fora esperta e usou do único modo de sobrevivência para se livrar de uma possível derrota. Pensei que ela iria me atacar e começar um duelo alado, mas não. Ela queria saber mais e mais. Qualidades de uma Mênade? Ou talvez fosse um pouco curiosa. Ou fosse um plano para uma armadilha. Quaisquer que fossem seus pensamentos, eu ficava me perguntando se podia confiar nela... Por que Mênades e Menestréis não podem viver em paz? Por que eu deveria me importar tanto com a história? Talvez aqueles fossem casos isolados... Talvez.

- Muito bem Lilian. Acho que temos tempo... alguns minutos talvez. - respirei fundo e pousava na arena, que parecia querer dar uma festa no lugar da piscina que agora já não estava mais ali - Há alguns meses atrás, saí em missão em nome de Éris, a Deusa que me escolheu pra este evento odioso.. Enfim, eu tinha que encontrar um semideus, filho de Lissa. A parte não mencionada era que o garoto tinha uma maldição. Ele fora transformado num monstro com características de lobo e Éris queria-lhe a cabeça, pois a alma do semideus lhe pertencia. Acontece que eu ainda era fraco. Eu não sabia lutar. Não sabia usar armas e muito menos os punhos. Naquele dia, ofereci minha alma à Éris em troca de vida e ela me deu forças para acabar com meu oponente e lhe entregar o que antes pediu... Essa deusa me enganou, pois conseguiu 2 coisas. A morte de seu antigo escravo e a vida de um novo... eu!

Devagar, tocava a Lira num som melodioso que atrairia pássaros que ouviriam com prazer a música. Queria acalmar os ânimos do lugar e ficar menos desconfortável contando minha história. Nem Louis sabia disso.

- A partir daí é fácil de descobrir. Eu sou um servo de Éris e ela me ordenou vencer este torneio. Caso eu perca... bem, de forma direta, ela tirará meu verdadeiro amor de mim... Ela vai tirar Louis da minha vida.

Eu gastava parte da minha energia controlando minhas emoções. Em verdade, queria chorar e abraçar alguém ou alguma coisa. Estava com medo, muito medo, mas eu tinha que me manter de pé. Eu era um herói. Nunca tinha desejado isso, mas naquele momento, eu não era o Luka Puto/Modelo, eu era o Luka Guerreiro e Herói. Um estrategista que usa das artimanhas do amor, da música e da beleza em prol da vitória. Não honrava Éris, mas o Legado de minha mãe, mesmo negando-a na maioria das vezes. Eu era fruto de seu ventre.

- Não quero que desista. A vitória deve ser conquistada com mérito e êxito. Eu vou dar meu melhor e quero que você faça o mesmo... Mas podemos combinar uma coisa? Sem truques mentais. Topa?

Um sorriso convidativo e uma posição de batalha defensiva fora armada. Eu estava esperando ela vir. Talvez pudéssemos ser amigos, bem, quando isso tudo terminar. Se eu perdesse, talvez ela poderia tentar me consolar. Se eu ganhasse, daria a melhor festa que o mundo já viu com um verdadeiro espetáculo dos melhores seres semi-divinos que existem.

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Sim, Lilian confiava em mim. Minha confiança nela também subia cada vez mais e meu respeito aumentando, expulsando a visão que antes eu tinha das Mênades. Nem todas são iguais. Se fossem, eu ajudaria Lilian a se tornar a líder delas e mostrar-lhes o verdadeiro valor que a vida tem.

Na briga de gatos, cada um com suas garras, Lilian levou a melhor conseguindo me prender no chão, mas foi só piscar os olhos que.

- Louis? O que você ta... LILIAN!! A gente não tinha combinado de não fazer jogos mentais? - e de repente algo me ocorreu.

Não tinha como ela me pregar essa peça duas vezes. Não tão bem daquela forma. Era a sala. Aquela maldita sala. Ela queria que eu perdesse o juízo e a confiança depositada na Mênade e atacasse como devia.

- Quer saber? Pode vir! Ignore minha aparência. Feche os olhos e erga os sentidos!

E foi o que fiz. Minha audição era perfeita e com os olhos fechados seria mais fácil de me concentrar em Lilian e não em Louis. Ele não tinha respondido minha mensagem, mas eu sentia que ele estava bem. Eu podia sentir.

Já não fazia mais questão de lutar, mas precisava mostrar meu valor pelo bem do meu amor. E dançando na direção de Lilian, fiz rosas flamejantes caírem com uma simples invocação com a dança (Poder Chicote de Rosas Flamejantes). Eu podia escutar o som dessas nos rodeando e tentando me evitar para somente a pele de Lilian tocar. Perfeito. Minhas garras com a graça de um puma faziam uma sequência de arranhões na esperança de envenenar minha oponente e deixa-la debilitada naquele instante. Quando sentisse que as rosas tinham feito seu trabalho, seria hora de trabalhar com elas. Pegando duas, uma em cada mãos, outras se agrupariam formando um chicote com as belas flores. Minha perícia me faria um mestre, mas as usaria apenas para ferir um pouco mais Lilian. Isso era tudo que eu podia fazer. De olhos fechados sim. Era tudo.

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Aquela luta já estava me cansando. Nunca nenhuma mulher durou tanto lutando contra mim. Em geral conseguia faze-las me beijar e assim as controlava em seguida. Com Lilian foi diferente até porque prometi não brincar com a mente dela. Eu tinha palavra. Era minha honra!

Quando nos afastamos pude sentir meu belo rosto ardendo e ao passar a mão sangue se revelou tão vermelho quanto poderia ser. Sorri. Antes de conhecer Louis provavelmente eu mataria se alguém estragasse minhas feições faciais, mas hoje não. Não mais. Futilidade não fazia mais parte do vocabulário de Sinnoh. Não de Luka. Não meu.

Minha visão já estava cansada e eu gostaria muito de descansar. Foi a partir daí que lutar com as garras pareceu ultrapassado e foi melhor usar a cabeça, ou melhor, cabelo! (Poder Super Elasticidade Capilar) Sem que a menina percebesse, meus fios ficavam cada vez mais prolongados e ganhando vida. Aguardando o comando e a hora certa de agir. Me concentrei muito para por o plano em prática e com apenas um comando isso aconteceria.

- Lilian, pensa rápido! - saltei.

Nisso, rosas negras já se formavam em minhas mãos aos montes. No salto, uma cambalhota seguida de um bombardeio dessas flores escuras que seriam capazes de deixar a oponente sem ação, ao menos no tempo necessário. (Poder Rosas Negras)

O espaço em branco já começava a se questionar em relação ao nosso combate. Quer saber arena de vidro? Eu também.

Quando tivesse a oportunidade de me aproximar, meus cabelos fariam o resto. Envolver Lilian dos pés à cabeça, deixando apenas os olhos e o nariz de fora.

- Me perdoa Lili gatinha. Prometo te convidar prum chá!

E com essa frase, meus punhos cerraram-se numa aura rosada e com um combo de boxe desferi sobre a bela heroína que teria o poder de absorver a energia dela e transferir para mim. Sua força e sua vitalidade eram tiradas enquanto as minhas renovadas. (Poder Soco Sugador + Poder Combo) Por fim, me concentraria na excessiva das fadas. Seus feromônios nas palmas de minhas mãos. (Poder Feromônios de Fadas) Já podia senti-las, mas era Lilian quem as inalaria. Tal substância poderia ser considerado uma droga, mas naquela quantidade apenas deixaria a menina desacordada. Agora era só esperar por seu desmaio e responder Éris a altura.

Aquilo já havia levado tempo demais.

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