[Treinos]- Ayah Al-Malik Yusif

Primeiro treino!

Eu acompanhava minha irmã, Gwen Velásquez, até a arena. Ela me disse que ia me ajudar nos treinos, então eu estava bem empolgada para dar partida a minha vida de semideusa, mesmo que fosse ainda muito estranho. Era tudo muito novo, em um dia eu tinha convicção nas crenças islâmicas e no outro descubro que é tudo mentira. Meu sotaque ainda chamava a atenção dos campistas. Um ou dois me zombavam por isso, mas eu nem ligava.  

Quando finalmente chegamos na arena, Gwen me guiou para seu centro amarrando seu cabelo em um rabo de cavalo. O lugar não estava muito cheio, pude ver somente quatro campistas treinando, todos eles separadamente. Gwen pigarreou e começou:

-Hoje vamos trenar com as espadas!- Disse ela me observando. Então prontamente puxei meu colar e fiz ele virar um sabre árabe, o qual tinha apelidado como: Presa de Naja- Ei!-Exclamou ela- Guarda isso, vamos treinar com espadas de treino!

-E qual a graça?- Disse sorrindo.

Então ela foi até um tipo de móvel que é usado para guardar espadas, apanhou duas e jogou uma para mim. Não era muito pesada, apesar de parecer. A ponta era arredondada e ela não possuía fio, mas eu tinha certeza que mesmo assim devia machucar.

-O primeiro passo é abrir um pouco mais as pernas... isso mesmo!-Disse Gwen me parabenizando quando fiz corretamente- Fazer isso aumenta a base e fica mais difícil de você se desequilibrar. A ponta da espada deve ficar para cima, e não deixe seus dedos tão juntos. Segure a espada com mais firmeza.

-Até parece que voltei a ter dez anos!- Disse sorrindo.

-Porque?-Perguntou ela também sorrindo.

-Foi com dez anos que meu pai me ensinou a segurar uma metralhadora!- Gwen não sorria mais, provavelmente impressionada pelo o que eu tinha acabado de dizer.

-Tudo bem, vamos começar?- Concordei com a cabeça e começamos a “lutar”.

Os ataques dela eram lentos o bastante para que eu conseguisse defende-los, mas mesmo assim ferozes e violentos.  O som das madeira se beijando ecoava pelo local, mas os outros campistas não davam  a mínima. A adrenalina começou a se apoderar do meu corpo a cada golpe, era uma sensação tão boa, eu não conseguia explicar, mas de certo modo eu sabia que tinha nascido para batalhar.

Comecei a sair da defensiva dando pequenas investidas nos flancos da garota, só para testá-la. Em seguida pulei para o lado, ataquei seu flanco esquerdo, ela defendeu, então puxei a espada e rapidamente lancei a ponta dela contra a barriga de Gwen, mas ela se esquivou com maestria.

-Você está indo bem!- Disse ela- Mas ainda é muito lenta!

Defendi seu golpe vindo do alto e sem seguida tentei golpeia os pés dela, mas ela apenas pulou e me acertou na cabeça com a espada. O som da madeira batendo na minha cabeça deixou Gwen preocupada, mas eu simplesmente continuei lutando, mesmo com aquela dor infernal.

A dança continuava e meus golpes só ficavam mais agressivos, por duas vezes pude ter certeza que ia acertar minha irmã, mas ela sempre adiantava meus golpes. Ela trocava a espada de mão como uma malabarista, atacava na esquerda, jogava a espada para a outra mão, atacava na direita, jogava a espada para cima e agarrava-a no ar voltando a atacar.

Eu tentei fazer aquilo algumas vezes, mas a espada sempre caia no chão e eu acabava levando algum golpe. Frustrada, comecei a atacar sem nenhuma estratégia, só para ver se acertava a garota pelo menos uma vez, porém a velocidade e agilidade dela eram muito superior as minhas débeis tentativas.

Ela se abaixou e tentou acertar meu pé direito, mas eu levantei ele bem a tempo e vi minha oportunidade de acertar ela. Então Gwen se jogou no chão, me deu uma rasteira, se levantou e chutou a espada que ainda estava na minha mão.

-Ainda não me dei por vencida!- Disse voltando a ficar de pé e correndo até a espada.

Então Gwen apareceu, do nada, na minha frente, como se ela tivesse acabado de se teleportar. Seu sorriso estampado no rosto demonstrava divertimento ao ver o minha cara de surpresa.

-Por hoje é só, irmãzinha!- Ela apanhou a outra espada e guardou elas- Você foi bem para seu primeiro dia. Admito que não esperava que você se livra-se daquele golpe...

-Como você fez aquilo?!- Interrompi ela- Você simplesmente apareceu na minha frente!- Ela ria enquanto me guiava para fora da arena.

-Logo você também poderá fazer!

Então voltamos para nosso chalé, onde tomamos banho e passamos algumas horas discutindo sobre batalhas.